terça-feira, 23 de setembro de 2008

Auto-plágio



Li, não sei onde (acho que na revista Língua Portuguesa do mês passado), que nunca se viu tanto auto-plágio quanto na produção científica atual. O sujeito escreve um negócio e se autoreferencia o resto da vida.
Pois é....
Buscando uma aproximação com o meio acadêmico aí vai, de novo, o comentário, do Rodrigo sobre a qualidade das produções para criança, no Brasil.

A pedido da minha mulher vou postar aqui uma crítica que escrevi no site da escola das nossas crianças. A crítica trata deste referido post e sobre uma peça que assistimos na época em que Andréia havia lido estes parâmetros e havia também postado este assunto por lá.

Originalmente postado em Doce Infância no dia 17 Junho 2008 às 11:34 com o título:

"Virou mexeu... caímos."

Diz um cliente meu, lá do Rio de Janeiro, que não importa o quão experiente você possa ser, o quanto você saiba sobre um determinado assunto ou produto.

Mesmo os mais experientes e conhecedores do assunto, os especialistas: Virou mexeu... são expostos (ou sofrem a exposição) à má qualidade ou fazem besteira.

Até os especialistas compram errado, contratam errado, vão à lugares errados... sob a ótica da especialidade é claro, pois em cultura não existe certo ou errado, existe o que acrescenta, o que não faz diferença e o que é melhor não perder tempo para ver.

(Se você descobrir mais uma classificação comente aqui por favor...)

Mesmo sabendo sobre os pecados para as obras infantis, tem vezes que não há informações suficientes em uma capa ou uma resenha para que possamos escolher sem erro.

Esta semana mesmo... soubemos da peça que ia passar no domingo... olhamos no Youtube, no Yahoo, tudo o que vimos de informação parecia ser muito legal.

Propaganda enganosa...

As crianças gostaram, mas gosto não faz parte de nenhum parâmetro avaliativo decente, pois como diz um velho ditado, gosto não se discute... se lamenta.

A peça "Gibi" que passou neste domingo(15/06/2008) no Centro Cultural Usiminas cometia com louvor TODOS os sete pecados descritos aí em cima. Parece que o autor seguiu o manual à risca!

Noções ambientais de baixo calão, rasas, óbvias, infantilizantes. Linguagem pobre, rimas tão ricas quanto um pano de chão esfarrapado e sujo. Mal ensaiado, desenho animado feito às pressas no limite da possibilidade do autor, narração e falas moralizantes. Nomes óbvios... enfim... só salvavam os bonecos e o cenário, muito bem feitos e bonitos, porém mal conduzidos.

Confesso que naquele dia eu preferia ter ficado em casa olhando para o teto e vendo a lagartixa caçando pernilongo... Seria mais educativo, teria mais trama e emoção, seria mais ecológico e nós não teríamos desperdiçado duas horas da nossa vida corrida com aquilo.

Penso que o espaço de mídia é muito caro para que seja desperdiçado com lixo. É um monento nobre, que damos atenção máxima ao que está passando.

- Ah... é fácil criticar, todos dirão, fazer é que são elas...

Exatamente, fazer é que são elas... e quem fez esta peça também não sabe fazer.

Para fazer a pessoa precisa ter critérios e um mínimo de auto-crítica para saber que fazer não basta.

Não é 'qualquer coisa' para suprir o 'nada' ou para ganhar a vida.
'Nada' muitas vezes é muito melhor que coisa ruim, e ganhar a vida deve ser um parâmetro de continuidade e não um momento único de faturamento.

Ainda mais em um espaço importante e caro como o nosso único teatro de 700 lugares, com agenda lotada para os próximos 12 meses.

Não culpo a direção de eventos do teatro, imagino que eles devam ter aceitado passar a peça com base nas mesmas informações que nós tivemos. Antes da peça eu também indicaria. Mas vale assistir as coisas antes de contratar... isso sim.

É o que meu cliente dizia... mesmo o melhor especialista também compra errado e é enganado.

O bom de ver lixo é só um: apredemos a valorizar as coisas boas.
Pode ser esta a estratégia dos nossos produtores de eventos...

Confiemos no futuro.

2 comentários:

Diana Pádua disse...

A sensação de tempo perdido é horrível. Mas, infelizmente, nem todos têm autocrítica, ou mesmo bom senso. Aliás, esta última qualidade é a mais difícil de se achar...

bjinhos
Diana
www.dianapadua.com

............ ............ ............ ............ ............ ............ ... Rodrigo Vieira Ribeiro disse...

Diana,
É por estas e por outras que os críticos, na minha opinião, tem que ser muito duros! É a única forma de transformar este estado de coisas.

Obrigado pela visita! Volte mais!