terça-feira, 28 de outubro de 2008

Minha terra... meu chão


Isabel adora o "chão". Explico: qualquer motivo é suficiente para fazê-la deitar o rostinho no solo. Eu acho que é pra sentir o toque friozinho e a dureza da pedra contra partes do seu corpinho que estão sempre em contato com a maciez: travesseiros, colchão, almofadas...

A coisa começou na mesma época em que ela inaugurou a fase da pirraça. Se jogou porque foi contrariada e aí descobriu as maravilhas de colocar a cara no chão.
A gente se preocupa, acha que ela vai se resfriar, pede pra que ela se levante, chama, grita... e por fim apanha a danada no colo. Aí... o que era puro deleite de ficar curtindo a terra, desencadeia a manha... o resto você já sabe... círculo: manha porque foi tirada do chão, retorno ao chão pela manha, delícia do toque da pele no chão, manha porque foi novamente tirada do chão, retorno ao chão pela manha...

Esta semana Vovó está visitando. Pois não é que a Vovó acordou de madrugada, foi à cozinha beber água e na volta... achou um ursinho de pelúcia quietinho, deitadinho no chão...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Dobras da imaginação




A literatura infantil no Brasil, vem ao longo do tempo construindo uma história memorável. Hoje temos uma produção que cresce vertiginosamente tanto em quantidade como em qualidade. Somos premiadíssimos no mundo inteiro e um dos quatro países (no mundo) com duas autoras contempladas com o Prêmio Hans Christian Andersen (considerado o Nobel da literatura infantojuvenil). Mas o assunto é complexo e não são poucos os que afirmam que escrever para crianças é bem mais difícil que escrever para adultos. Como em todas as áreas, a produção de qualidade ruim é também abundante e difícil mesmo é saber separar o joio do trigo.O site Dobras da Leitura é uma das grandes e boas iniciatiativas na luta pelo desenvolvimento do espírito crítico da população interessada. Congrega autores, ilustradores, teóricos, professores e críticos da produção literária dirigida às crianças. A programação do site é linda e a interface é inteligente. Para mim, um site para se guardar nos favoritos.

sábado, 25 de outubro de 2008

A TURMA DO PAPUM ATACA NOVAMENTE




Tendo em vista uma crítica que eu e minha mulher fizemos sobre a Turma do Papum e a resposta que obtivemos de Márcia Moellmann Pagani aqui . Eu e Andréia decidimos que valia um novo Blog Post ao invés de uma simples resposta nos comentários de um post antigo.

Desta forma nossos visitantes poderão se atualizar no diálogo e emitir também suas opiniões sobre a conversa.


Olá Márcia Moellmann Pagani,

Antes de mais nada gostaria de dizer 2 coisas, em primeiro lugar, obrigado pela resposta, afinal, o espaço de Blog é um espaço de exercício de cidadania, de liberdade de expressão e de diálogo e fico muito feliz quando encontro pessoas que respondem e comentam blogs.

Em segundo lugar meu nome é Rodrigo Vieira Ribeiro e está escrito na íntegra no perfil deste blog, por favor use meu nome corretamente, já que não sei quem é “Vieira de Melo”. Eu e minha mulher não temos medo e não nos escondemos, mas sentimos uma pontinha de ameaças pessoais em seu comentário, é para termos medo?

Percebemos que nossa crítica foi apagada de seu blog, o que demonstra que nossa crítica foi muito melhor que o desabafo despretensioso que fizemos.

A atitude de apagar um comentário contrário às suas idéias e demonstra uma visão de mundo bem antiga, de um tempo ultrapassado pela democracia do século XXI, a Era das Ditaduras Militares que tentavam eliminar e apagar as opiniões contrárias onde quer que estivessem.

Uma visão que não combina com quem se diz “Empresária de Produção Teatral”.

A crítica é necessária ao desenvolvimento da sociedade, o que seria do mundo sem crítica? Sem opiniões contrárias?

Sobre crítica recomendo a todos a leitura de um artigo de meu amigo Paulo Franchetti.

Não houve em nossa crítica nenhum desrespeito gratuito, não houve desrespeito e nada foi gratuito, pagamos para fazê-lo e muito, foram 7 ingressos, mais os impostos da lei de incentivo à cultura (pagamos 2 vezes).

Gastamos nosso tempo preocupados com a produção infantil, temos 4 filhos pequenos que são expostos à todo tipo de produção artística e cultural. Fazemos questão de levá-los a todo tipo de produção para que eles aprendam, autonomamente, a escolher entre o que é bom e o que é ruim.

Acredito que se vocês são realmente preocupados com a responsabilidade da arte e desejam manter uma qualidade de produção, e que nossa crítica deve ter sido extremamente valiosa, uma vez que apontamos, bem embasados, nossa opinião sobre seu trabalho apresentado aqui em Ipatinga.

Como eu disse em meu texto, mesmo os mais experimentados ou os maiores teóricos também erram.

Um outro amigo meu sempre diz que “A autoridade do argumento sempre deve ser superior ao argumento da autoridade”, o que entendo como: não interessa qual é a sua formação, ou idade, ou poder, ou tempo de experiência, se seu argumento é fraco ou se seu trabalho é ruim.

Não fizemos comentários grosseiros nem superficiais. O que eu escrevi sobre o gosto das crianças, escrevo também sobre o gosto de qualquer pessoa... gosto não é parâmetro de avaliação. E isso não significa que eu desprezo o que as crianças pensam, muito pelo contrário.

Seguindo seu parâmetro de que gosto é determinante para a produção, aquela melô do KRÉU faz um tremendo sucesso, vende muito e é um lixo. Se seu objetivo é manter a população dentro do gosto baixo e duvidoso, quem subestima e despreza a capacidade de compreensão das crianças é você.

Espero que você perceba e compreenda que em um lugar onde o acesso às artes e ciências é limitado aplaude-se de pé qualquer pessoa, na intenção de que outros melhores apareçam atrás da receptividade do público.

Em nosso País não é diferente, o Brasil também possui pequena produção teatral e a idéia é sempre estimular aos artistas para que eles continuem produzindo.

Com o incentivo fiscal para produções culturais, Lei Rouanet e outras leis semelhantes (muito positivo por sinal e isto está fora de questão), é preciso que haja fiscalização e crítica do público. Afinal é nosso dinheiro de impostos que é usado para financiar estas produções, estou pagando 2 vezes, pelo imposto e pelo ingresso. O contribuinte precisa ficar atento aos amadores e pessoas que estão se aproveitando da falta de critério e a falta de fiscalização da população para conquistar espaços nobres como estes. Não penso que seja o seu caso, por isso escrevi a crítica.

Para poupar o tempo de leitura as partes mais pessoais desta resposta você encontrará nos comentários das postagens originais.

Abraços


Rodrigo

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Yes, Brazil!






Para ilustrar nosso dia, os desenhos da Mariana Massarani.


Se você me conhece sabe que minha lista de freqüência já foi um campo de celebridades. Houve um semestre que eu tinha, na mesma turma, nada menos que Nixon, Clinton, Kennedy e .... Fidel.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Na corte de Henrique VIII




Eu e Rodrigo compramos a primeira temporada de "Os Tudors" e estamos mergulhados na corte do Henrique VIII. A série vem provocando polêmicas. A maior parte delas trata da infinidade erros históricos.

Hoje eu quero falar da preguiça que eu tenho de quem confunde a obra com o fato histórico.

Sabe aquela anedota? A mulher que, assustadíssima em frente a um quadro do Matisse, se desespera: "Coisa absurda, nunca vi uma mulher de barriga verde". E ganha de presente a resposta, na lata: "Minha senhora, isso não é uma mulher, isso é uma pintura." (Já ouvi o Ariano Suassuna contando essa historinha e no sotaque dele a coisa fica linda!)

Pois eu penso, mesmo, que é assim. Há que se estabelecer uma relação crítica com o que se está percebendo, é verdade. E "os Tudors" tá longe de ser uma grande maravilha: há personagens mal construídos, tramas secundárias que surgem e desaparecem sem vc entender muito pra quê, abuso de clichês. Criticar tudo isso vá lá. Mas achar uma ofensa o fato de haverem fundido as duas irmãs, e que o rei português não era velho etc, pra mim já é jogar fora a água suja com o menino e tudo. A postura crítica tem que nos permitir saborear as licenças e devaneios de quem quer que seja.

Mas .... achei legal brincar de procurar os erros históricos... e tem um monte.

E de todas as “licenças poéticas”, a que gosto mais é a respeito da composição de Greensleeves. Mesmo sabendo que não há nenhuma consistência na suposição de que Henrique VIII tenha escrito a famosa peça, achei legal. Numa cena do sexto capítulo ele tá lá, lindão, todo embevecido, compondo para a Ana Bolena a obra que serviu de base para a "Romanesca".

É como se os roteiristas me alertassem: “Andréia, isso aqui não é aula de história.”

Ps: E a menção às cabeças cortadas? Achei um barato.

sábado, 11 de outubro de 2008

O lápis amarelo do Henrique

Há um ano atrás o Henrique estava sozinho comigo aqui em casa, no escritório e veio me pedir:

- Papaiêe, me dá aquele lápis?
- qual deles Ique?

- Aqueeeele aliiií, o marrrom...
- Este aqui? Peguei o lápis marrom no pote...

- Naaaaão... o vermelho!
- Este? Mostrei o lápis vermelho...

- Não... o verde... não, é o amarelo! É o lápis amarelo!

Peguei o lápis amarelo e ele ficou embaraçado... percebi que a coisa estava na cor certa desta vez, mas não era aquilo ainda... e ele não conseguia falar o nome do que ele queria...

Demorou um tempinho raciocinando... e disse:
- Me dá aquela escova ali.

Apontando para o pincel!

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Bobagens


Essa eu peguei no Desculpe a poeira do querido Ricardo lombardi.

“Minha casa é estranhamente regulada. Quando uma lâmpada queima, as outras vão junto. É um boicote que aumenta em minutos para testar a paciência. O gás da cozinha falta bem no momento da janta, e logo de madrugada, com o objetivo de me constranger ao telefone com uma lista infindável de entregadores. Se o computador estraga, o chuveiro também e o microondas sofre problemas de circuito. Confio que os aparelhos se imitam e conversam entre si. Devem reivindicar melhores condições de trabalho e uso, cobrar insalubridade, ou estão cansados das extensões e da sobrecarga indevidas. O certo é que minha casa é grevista. Insurgente. Nunca acontece de algo quebrar isoladamente. (…)” (Fabrício Carpinejar em “O fim é lindo”).

Rodrigo, com suas explicações práticas, decorrentes do seu telencéfalo desenvolvido e do seu polegar opositor, conclui peremptório que: o gás acaba,claro, na janta que é quando a gente tá usando; as lâmpadas estragam juntas porque, foram compradas juntas, na inauguração da casa. Mas eu, euzinha estou convencida de que há mesmo um complô universal dos eletroeletrônicos que acontece, especialmente, nos dias de TPM.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Lobato para a meninada de ontem


A Som Livre lançou, sem fazer alarde, um DVD com a temporada "Memórias da Emília", veiculada em 1978. Quem como eu, morre de saudades do Sítio antigo, com Reny de Oliveira, Rosana Garcia vai adorar a notícia. Parece que não está disponível em todas as lojas, somente na Saraiva e na Livraria Cultura, que já avisaram, a edição é limitada. Eu comprei o meu e a meninada aqui em casa está amando.
De verdade eu achava, lá no fundo, que tinha um certo saudosismo nesse nosso sentimento de que "no nosso tempo é que era bom". Mas agora, revendo a temporada de 1978 a gente fica se perguntando "o que é que aconteceu com televisão brasileira nesses 30 anos?" Os atores desapareceram, a qualidade do roteiro caiu absurdamente e a trilha sonora? ( essa "pelamordeDeus"). A original trazia arranjos elaborados, poesia que respeita a inteligência da criança, vozes privilegiadas. O cd original trazia grandes músicos: Chico Buarque, João Bosco, Ivan Lins e de quebra Doces Bárbaros na música "Peixe". Acho que M. Lobato que andava já cansado de tanto se revirar no túmulo, teve um pouco de sossego com esse lançamento.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Chomsky no jardim lá de casa


Estela, com 3 anos observava o jardineiro "construir" o jardim da casa nova com aquela perguntação que vocês já conhecem:

-Que que cê tá fazendo?
O moço, mineiríssimo aceita o diálogo e responde:
-Tô trabalhando com as plantinhas.
-Você tá plantando?
-Isso mesmo!
E ela conclui categórica:
-Ah, então você é um "plantor"!

Eu corri pra anotar a história e achei uma graça. Tempos depois falando sobre "aquisição fonológica do português" essa história me voltou à memória quando um aluno perguntou:

-Por que é que a criança produz tantos erros desse tipo?
- Como é que uma criança pode produzir palavras que ela nunca ouviu?
- Isso acontece em outras línguas, ou só no português?

Eu achei essas perguntas tão lindas quanto à conclusão da Estela. Mas vamos lá.

Esse tipo de "erro" é chamado de supergeneralização de estruturas regulares. A criança tem contato com uma regra (quem canta é cantor, quem trabalha é trabalhador, quem vende é vendedor), interioriza essa regra e a superaplica a todas as outras formas, criando vocábulos novos. O grande barato é que é exatamente através desses erros que percebemos a criança se distanciando das hipóteses de imitação e produzindo palavras que ela "cria" sozinha, sem nunca tê-las ouvido antes.

Ponto pro erro de novo! É através do erro e não do acerto que se pode notar a transparência da relação da criança com a língua que ela está adquirindo.
Você deve ter várias histórias como essa. Quer me contar?

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Filosofia de Fraldas

Já que a Andreia tá contando uma da Isabel, bem recente, eu vou contar umas da Estela...
Esta sim... grande filósofa desde pequena...

Pouco antes dos 3 anos, ela no banco de trás do carro perguntou para mim: - Papai, o que é "Não Sei" ?

Quase bati com o carro!
*************************
Outra da Estela uns 2 anos depois... demonstrando leituras profundas de Bakhtin...
- Mamãe... o que é que eu sou que eu não sei que sou?
(dei sorte desta vez a pergunta foi para a Andréia...)

*************************

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

O que não é o que não pode ser


Isabel tem quase dois anos e um vocabulário de mais ou menos umas cinquenta palavras (mais da metade só eu, Rodrigo e a babá entendemos). Com elas, ela tem que se virar para pedir comida, brigar, implicar com os irmãos, avisar, brincar, reclamar e malcriadamente responder os mais velhos.

Outro dia, eu estava tentando estudar piano e ela escalando a mesa da sala de jantar.
-Isabel, desce daí.
-Não.
-Isabel, eu tô falando. Desce daí ou você vai se machucar.
-Não.
-ISABEL, DESCE JÁ DAÍ!
-NAAAAAAAÃO!
-Sim!
-Não
-Não, não o quê?
E ela filosofa:
-Não o sim!

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A fonética e a professora







Estela estuda numa escola diferente. Poucas crianças na sala, sem provas (não sem avaliação), uma gostosura.
Outra dia, na reunião com os pais, a professora me disse:
-Estou tendo dificuldade em fazer com que as crianças entendam que antes de p e b usamos m.
Eu perguntei:
- E porque usamos m antes de p e b?
Ela parou, pensou e respondeu:
- ....
Eu esperei e ela produziu achando engraçado:
-Sei lá porquê. Sabe que eu nunca pensei nisso? É mesmo, deve ter um porquê.
Agora que ela já tinha um problema eu continuei:
-/p/ e /b/ são plosivas bilabiais, não são?
-São.
-E /m/?
Ela demorou um tempo:
-Claro! Bilabial também.
-Pois é. Os lábios devem estar fechados, ocluídos, para falarmos /p/ e /b/. O ponto de articulação é o mesmo para /p/, /b/ e /m/. Tenta falar /n/ antes de /p/ e /b/.
-Que legal! Não dá.
-Quando a gente descobre que a ortografia não é um balaio de gatos, a coisa fica mais fácil, não é mesmo?
-Andréia, você podia dar um cursinho sobre fonética e alfabetização aqui na escola.

Posso sim, Érica, é só marcar. Você já sabe que eu tenho essa bobeira: as coisa que gosto e acho interessantes gosto que a as pessoas que gosto gostem também.
http://www.uiowa.edu/~acadtech/phonetics/

Viva o livro brasileiro!


Marcelo Xavier foi a estrela de ontem do III Salão do livro lá no Centro Cultural.

Toda tiete, cheguei cedinho para que ele autografasse os livros que mais amo: Asa de papel (em português e em espanhol), Tot e Mitos.
Depois veio a Oficina de Ilustração com Massinha de modelar. Como diria a Fanny Abramovich: muitas gostosuras e bobices.
Marcelo é premiadíssimo aqui e fora daqui. É daqueles ilustradores que sabem que a linguagem pictográfica traz outros textos, aumenta a possibilidade de leituras e dá asas à fantasia.

Pra quem quiser conhecer mais do trabalho desse autor e ilustrador aqui vai a dica de uma palestra com ele:


ftp://200.244.52.185/BMA/INGEST1_66233449_1066233470_121kbps.zip